site maker

Entrevista com Rodrigo Monteiro- Responsável pelo Centro Cultural

Mobirise
Entrevistando: Rodrigo Monteiro;
Entrevistador(es): Bruna Almeida Osti; João Guilherme Squinelato de Melo;
Local: Wenceslau Braz - PR - Brasil;
Data: 25/07/2017;
Duração: 19 minutos e 16 segundos.
Contexto:"Memórias da cidade", pesquisa inspirada pelo projeto de pesquisa EDITEC da Universidade Tecnológica Federal do Paraná criado em 2008.
Temas: Cultura, Teatro, Circo, Mágica.

                                                                            Infância

" Brincávamos na rua até o anoitecer, mas sempre fui retraído. Não gostava de fazer o que todo mundo fazia. Então, o pessoal gostava de jogar bola e eu sempre fui meio gordinho, então eu não gostava de jogar. A piazada brincava de subir nas coisas, de fazer coisas radicais e eu era meio medroso; então eu não fazia essas coisas. Então comecei a procurar brincadeiras e coisas diferentes do que os outros faziam; então, gosta de jogos que envolviam mais raciocínio, habilidade. Não era muito sociável, na escola eu não tinha muitos amigos. Era sempre um ou dois amigos só. Então fui desenvolvendo uma baixa auto estima, não acreditava que eu podia, por mais que eu… Sempre fui bom aluno, sempre fui bem comportado; assim, nunca fui de fazer bagunça que até tinha medo de fazer bagunça, de apanhar em casa e de o professor brigar; e eu tinha vergonha. E por ser assim, eu fui criando uma resistência em me socializar e conversar com as pessoas e tudo mais. E a infância minha foi basicamente isso: era estudar e brincar com pequenos círculo de amigos que eu tinha, de um dois amigos ali e ficar em casa; então, teve uma parte ruim, né? De não ter essa infância com mais criançada junto, mas teve a parte boa, porque eu tinha tempo pra fazer outra coisas: ler, pesquisar, estudar. Então, tudo na vida tem o seu lado ruim, mas tem seu lado positivo também. Depende da forma com que a gente quer enxergar a vida. E foi basicamente isso. "

                                                                    Caminho para a arte

"(...) comecei a me interessar por mágica, por assistir mágica na televisão e eu tive facilidade pra descobrir os segredos, e daí eu ia tentar fazer e dava certo. E dai por causa disso eu comecei a fazer [mágica], fui fazendo, fui fazendo; daí chegou na adolescência, eu larguei mão de tudo… para de fazer - porque era só um hobby, uma brincadeira. E daí com 17 anos, quando eu entrei na escola de circo, que era, foi um projeto, e veio pra Wenceslau em 2004, daí sim eu comecei a… o meu professor falou que era muito legal o que eu fazia [mágica], ele viu as mágicas, que eu fazia, tudo, e começou a me incentivar, falou que eu devia resgatar isso de novo, começar a fazer outra vez. Foi dai que eu comecei a entrar no meio artístico, mas até então, não tinha pretensão nenhuma, não tinha vontade nenhuma, não queria ser nada de artístico, assim. Na verdade, não tinha pensamento nenhum, era uma criança normal e o tempo foi encaminhando pra esse lado. "

                                                                          Centro Cultural

"(...) o centro cultura, na verdade, é uma implantação desse ano, do prefeito novo aí, do Paulo, que implantou que nunca teve centro cultural em Wenceslau, mas a escola de circo quando eu entrei, começou em 2004, era... o Renato, que era o palhaço Siricotico, veio de Curitiba e lá em Curitiba ele trabalhava com crianças e projetos sociais, tudo, tirando a criançada da rua e daí ele veio pra Wenceslau e tinha essa vontade de fazer alguma coisa, que Wenceslau nunca teve nada cultural e dai ele alugou um barracão, e não é essa aqui, um outro, alugou um barracão, dai ele trabalhava em Arapoti, cidade vizinha aqui, dava aula de teatro lá e com o dinheiro que ele ganhava lá, ele pagava o aluguel e pagava a água, luz pra poder dar aula. Então ele não ganhava nada, era um projeto que ele fez só por um sonho que ele tinha, se chamava Centro Cultura Picadeiro. A ideia dele era que se fosse um centro cultura, tivesse aula de dança, música, tudo, mas não rolou porque não tinha professores para isso, não tinha ninguém que desse aula de música, de dança, de capoeira e dai ele tirou o nome de Centro Cultural Picadeiro e virou Casa do Palhaço, que dai era a escola de circo e teatro e... eu fiz a inscrição com 17 anos, eu e um outro amigo meu, fizemos a inscrição para fazer aulas de teatro só e dai quando eu cheguei lá ele falou: “mas porque vocês não fazem aula de circo também?” dai tá, a gente fez a inscrição, dai na lista lá de inscritos tinha mais de 70 inscritos já, falei: “nossa, vai ser legal, vai bombar”. Dai chegou no dia da aula, só foi eu e mais dois, começou com 3 alunos. Dai tá, a gente foi lá, fez teatro depois fizemos aula de circo, dai eu comecei a gostar, no começo eu não gostei muito, dai depois eu comecei a gostar porque eu era muito tímido, né? E... e dai a gente foi fazendo, era 3 vezes por semana - segunda, quarta e sexta – ia lá dai eu estudava de manhã e ia pra lá à tarde. A gente fazia aula, tinha 17 anos. Dai no outro ano, em 2005, foi época de eleição, tudo, ai entrou um prefeito novo, dai o prefeito ficou sabendo desse projeto que ele [palhaço] estava fazendo lá e gostou; dai pediu pra gente fazer uma apresentação no dia da posse dele – a gente fez – dai ele começou a apoiar o projeto. A prefeitura começou a pagar o aluguel, começou a pagar água, luz e ainda pagava um salário pro Renato poder dar aula. Dai com o tempo, a criançada começou a aumentar, pessoal das escolas – a gente fez uma seleção – passaram todas as escolas aqui, mais de 2000 alunos passaram lá; a gente fez uma seleção, e como era muito aluno, o Renato não conseguia dar aula sozinho, então ele pegou uns estagiários para ajudar ele, que eram os próprios alunos. Então era eu e tinha mais dois que ajudavam a dar aula. Dai a gente foi, como era adolescente, né? Foi crescendo, tudo, dai os pais ficaram meio brigando, tipo: “E aí? Você vai trabalhar ou vai ficar lá só fazendo palhaçada? ”. Dai eles foram saindo e só ficou eu de estagiário, dai. Meus pais também ficaram encima, mas eu era teimoso, dai eu não saí; e dai eu fiquei como estagiário uns 2, 3 anos, mais ou menos. Dai depois disso eu fui embora pra Tomazina... saí daqui; voltei 8 meses depois e o projeto continuava, Casa do Palhaço ainda. Dai há 5 anos, mais ou menos, o Renato decidiu que iria embora para Londrina, que lá o campo é melhor de trabalho – e o trabalho dele é muito bom, ele foi considerado um dos melhores malabarista e palhaços de Curitiba, então ele tem um trabalho muito legal e dai ele foi pra Londrina, que lá o campo é melhor de trabalho. Só que como ele não queria deixar o projeto morrer, que o projeto já estava com mais de 10 anos, já tinha uma história, o pessoal já conhecia, a comunidade já gostava por causa do trabalho que a gente faz, social também, de ajudar a criançada na escola, em questão de autoestima. Dai ele me chamou, falou: “Rodrigo você não quer assumir a Casa do Palhaço? Que eu vou pra Londrina”. Dai eu falei pra ele: “Eu assumo, mas eu queria ter liberdade para eu fazer algumas mudanças”. E tinha algumas coisas que eu queria mudar, né? E colocar umas aulas mais dinâmicas e queria também desvincular também, porque Casa do Palhaço é o nome da empresa dele. Então eu queria tirar esse nome para não ficar vinculado uma coisa com a outra, porque como ele iria estar desvinculado da prefeitura. Dai ele falou: “Se você quiser mudar o nome...”. E dai eu mudei, coloquei Circo Escola Picadeiro – remetendo ao Centro Cultural Picadeiro de antes – e dai virou há 5 anos o Circo Escola Picadeiro, que dai eu assumi a coordenação. Depois ele [Renato] veio embora pra Wenceslau de novo, mas dai ele não quis mais assumir porque dai ele estava com muitas palestras, dando aulas de teatro em vários lugares... dai eu fiquei responsável pela coordenação, e como eu também precisava de alguém para me ajudar, dai tinha uma estagiária que trabalhava comigo, professora até o ano passado, só que dai ele engravidou, dai ele saiu, depois ela arrumou um outro serviço, dai é a minha esposa agora que me ajuda a dar aula. Faz dois anos já. Então foi assim que começou. É um projeto social, comecei como aluno, de aluno passei a estagiário; de estagiário, coordenador... e até agora estamos aí. "

                                                                Objetivos da Escola de Circo

"O objetivo da escola de Circo não é formar nenhum artista. Então o foco nosso não é que eles vão trabalhar em circo e tudo porque a gente sabe o quanto é difícil isso. Então a missão do projeto não é formar nenhum artista. Se eles forem pro circo, forem fazer teatro, virarem mágicos, sei lá, aí vai ser decisão deles, mas a gente não foca nisso, a gente não trabalha com essa questão de profissionalizar eles pro meio artístico. A ideia do projeto é usar o circo e o teatro como isca pra trazer eles pra dentro, pra fazer eles saírem de lá e entrar aqui. Depois que eles entram aqui, dai o esquema é outro, depois que eles morderam a isca, dai a gente começa a trabalhar o que é realmente o projeto, que é a formação de pessoas melhores, que é a formação de cidadão; fazer com que eles entendam que não pode fazer palavrão, não pode brigar, que a vida funciona em equipe, que um precisa do outro, que o grandão precisa do pequenininho, que o menino precisa da menina, que ninguém é melhor do que ninguém. Então, durante as aulas... é só na prática pra ver isso, como que funciona. Eles trabalham todos juntos, então o cara de 16 anos tá montando um número com um piazinho de 7, e eu faço isso de propósito porque no circo tem um que comanda, que dá o sinal para trocar os movimentos e quem dá o sinal é o menor e o grande tem que obedecer. Então é assim que funciona os valores que o mundo prega lá fora, de que a mulher é submissa ao homem, de que o mais velho é o que manda e o mais novo só obedece; mas não, eu as vezes tinha ideais muito melhores do que as do meu irmão que era mais velho do que eu, então porque que só a minha idade que baseia a minha experiencia ou a minha inteligência? Então aqui funciona isso. Então, pirâmide a gente trabalha muito isso: um precisa do outro; se o de cima fizer errado, vai derrubar, vai cair encima dos que estão embaixo e se os de baixo não segurarem forte, vão derrubar os de cima. Então eles têm que trabalhar muito isso. Todos os números são feitos em conjunto, em equipe pra formar isso. Então, a ideia do projeto, o objetivo meu, e do projeto, é isso. Então, sempre que eu for conversar com o secretário de cultura ou com o prefeito, eles falam: “Ah, a gente pensa em fazer assim mais essa questão artística...”. Eu falo não. A minha função não é essa, de formar nenhum artista lá. Artista tem que ser uma coisa que você sente, você gosta e você quer fazer; não porque um dia você fez, se sentiu obrigado – igual uma faculdade. É igual você fazer uma faculdade porque teu pai quer porque tua mãe quer que seja médico, seja advogado. Ai você entra, para satisfazer outras pessoas e você será um profissional infeliz porque um dia alguém quis que você fosse aquilo, mas você não sentiu aquilo no teu coração; e artista é isso. A arte é você sentir e fazer porque você sentiu, não porque um dia você entrou num projeto e foi meio que obrigado a ser aquilo. Então a ideia é isso que eles vão ser médicos, advogados, jogador de futebol, artista, professor... seja lá o que for, mas a onde eles estiveram que eles lembrem do que foi ensinado aqui, que eles lembrem que lá na escola que eles forem trabalhar, eles não são donos da verdade, eles precisam do outro também e saber que as vezes eu tenho que respeitar, as vezes eu tenho que ouvir, as vezes eu tenho que me impor o meu ponto de vista. O objetivo do projeto é esse não é formar artista, é formar pessoas melhores. "



Entrevista com Miguel - Diretor de Esportes

"[...] "Uma coisa é saber que as ruas ou campos em torno de uma casa tinham um passado antes que ali tivesse chegado; bem diferente é ter tido conhecimento, por meio das lembranças do passado, vivas ainda na memória dos mais velhos do lugar, das intimidades amorosas por aqueles campos, dos vizinhos e casas em determinada rua, do trabalho em determinada loja."
(THOMPSON, 1935)

Trechos da transcrição da entrevista
Entrevistando: Miguel Alicio Silva; 
Entrevistador(es):  João Guilherme Squinelato de Melo; Gabriel Lechenco;
Local: Wenceslau Braz - PR - Brasil;
Data: 03/08/2017;
Duração: 2 minutos e 15 segundos.
Contexto: "Memórias brazenses", pesquisa inspirada pelo grupo de pesquisa EDITEC, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná criado.
Temas: Operação Rondon.
“É, a  experiência foi boa. Conhecimento. Eu aprendi, sabe assim, assistindo algumas palestras, né? Muito interessante. E a princípio, no começo, como se diz? Um pessoal estranho, a gente não conhece cada um e com o passar dos dias a gente foi conhecendo e aprendendo muito. Eu tive bastante coisas que eu aprendi e vou levar um pouquinho que eu tenho pra passar pra frente, pra seguir nesse projeto que foi muito interessante pra mim [...]Pro município é interessante porque são coisas novas. Acho que desde que eu tô aqui em  Wenceslau eu nunca vi um projeto dessa... dessa maneira, né? Então, acho que a população aceitou. Demorou um pouco, né? Mas acho que agora o pessoal aceitou. A gente viu que nas palestras, nas ruas, o pessoas comentando bastante.
.

Entrevista com Maria Aparecida Ferreira Simão

Mobirise
Trechos da transcrição da entrevista
Entrevistando: Maria Aparecida Ferreira Simão;
Entrevistador(es): Bruna Almeida Osti; Gabriel Lechanco; Heloísa Muller;
Local: Wenceslau Braz - PR - Brasil;
Data: 27/07/2017;
Duração: 31 minutos e 17 segundos.
Contexto: "Memórias brazenses", pesquisa inspirada pelo grupo de pesquisa EDITEC, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná criado.
Temas: Infância e Juventude.
"Eu nasci na zona rural e vivi nela até os dezoito anos de idade quando eu
casei e sai daqui direto para morar em São Paulo, era diferente. Então isso já a trinta e
tantos anos atrás [risadas]. A infância foi aqui, a gente trabalhava na roça, a
sobrevivência era somente da roça, era um tempo que ainda nem eletricidade tinha;
estudei a base minha que foi o primário né, que só a escola que tinha aqui, e na época
eu estudei até o primário e parei, porque não tinha continuidade e não tinha como sair
né. Foi lá em São Paulo depois trabalhando que eu fui estudar o resto até voltar para
cá e fazer o ensino superior. Então a infância é assim, aquelas brincadeiras de roda,
de passa a vez; aqui no campo de futebol perto; a escola estudando aqui [Escola São
Miguel] e saia daqui trabalhando na roça, e o passeio era ir no domingo na igreja.
Igreja aos domingos e ir no campo onde se jogava bola e a gente ficava aqui [Bairro],
mas foi uma infância bem simples; não tinha televisão então você não tinha o mundo
lá fora e a gente não sonhava muito alto, e a gente vivia feliz porque a gente conhecia
aquele mundinho nosso; hoje eu vejo tão diferente, as crianças alcançam tudo e não
ficam contente com nada, a gente apenas não tinha as brincadeiras e os brinquedos a
gente mesmo que inventava; não tinha como comprar uma boneca, ou fazia de pano
ou de sabuco de milho, era isso, mas sabe que era bem mais gostoso [todos riem], sei
lá parece que hoje[...] Então eu vejo que hoje todo mundo consegue comprar um brinquedo pra
criança, todos eles, eles abandonam e a gente dava tanto valor que a bonequinha de
pano que a mãe fazia[...]

                                                                            Comunidade

"A comunidade aqui tem esse histórico de ser unida, em torno de tudo, por
exemplo a criação, a formação desse bairro[Bairro São Miguel] foi em torno da fé e da
religião; tudo foi construído pelo próprio povo, a igreja, o campo, até mesmo os meus
avós e pais contam que as estrada era feita na mão, feita com enxada e enxadão
naquela época. Então eu percebo isso no povo do São Miguel, se tem alguém doente,
até hoje desde a infância, se unem em torno de ajudar, a comunidade é bastante
unida nesse ponto; para lutar pelos direitos para trazer a escola, quando foi para trazer
o ensino fundamental e médio, naquele tempo ainda falava ginásio e ensino de
primeiro grau, foi uma luta da comunidade; então nesse ponto até são bem unidos
assim, eles tem esse espírito principalmente em torno da fé. Através da fé também
ajudam as pessoas que estão doentes, eles costumam fazer assim se tem alguém
doente, faz uma [quermécia], faz uma janta, faz algo em torno que ajude a arrecadar
um dinheiro; as poucos dias uma pessoa... até sábado que vem vai ter um jantar pelo
homem que está doente aqui; então nesse ponto o povo é unido, a muito tempo há
muito tempo; por exemplo se... como futebol né, é uma coisa que joga bola e as vezes
Acontece da pessoa se machucar, quebrar uma perna, já aconteceu, e ai aquela
pessoa para de trabalhar né, [no caso sitiante], foi através da reunida do pessoal pra ir
lá fazer o serviço como ajudar com dinheiro; que nem não é jogador profissional.
Então o povo é unido nesse ponto sim."

                                                                        Operação Rondon

“Essa comunidade aqui ela é bem interessante, tivemos uma pessoa aqui, ele
morreu jovem, um homem sem estudo mas ele tinha uma visão de futuro... Ele pensou
em São Miguel para ser uma cidade projetada, acho que ele teve tuberculose e ele
morreu jovem. Mas pelo interesse dele ele fez até o mapa, tem até uma cópia lá em
casa pensando aqui para ser uma cidade; segundo os parentes dele conta, ele
esbarrou no prefeito da cidade da época, lá em mil novecentos e trinta e alguma coisa,
não aceitou; aí parece que ele conseguiu falar com o governador do Estado da época,
mas não conseguiu ir em frente, daí o bairro... A escola municipal tem o nome dele,
Joaquim Benedito de Oliveira; se aquele homem tivesse vivido mais tempo, nossa
realidade seria outra hoje, talvez nós teríamos sido uma cidade; que naquele tempo
podia formar novos municípios né, mas não teve outra pessoa além da visão dele,
então é muito interessante isso também na historia do nosso bairro".

Entrevista com Luiz Alberto - Câmara

"A história local traçada a partir de um estrato social mais restrito tende a satisfazer-se com menos, a ser uma reafirmação do mito da comunidade." (THOMPSON, 1935)

Mobirise
Trechos da transcrição da entrevista
Entrevistando: Luiz Alberto Antônio;
Entrevistador(es): Bruna Almeida Osti; Gabriel Lechanco; João Guilherme Squinelato de Melo;
Local: Wenceslau Braz - PR - Brasil;
Data: 27/07/2017;
Duração: 25 minutos e 13 segundos.
Contexto: "Memórias brazenses", pesquisa inspirada pelo grupo de pesquisa EDITEC, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná criado.
Temas: Linha Férrea. Casarão.
                                                                            Infância

“Então, somos três irmãos, né? É... três irmãos homens e eu sou o mais velho dos
três. Minha infância, na verdade, foi na aqui na Vila Formosa. Foi na beira de linha
[férrea], né? Por que a minha família, bastante dela, assim, foram todos ferroviários.
Então, eu cresci ali vendo trem, brincando nos trilhos, né? Mas nós tivemos a
infelicidade de perder nossa mãe, né? Eu como mais velho, eu ia completar 15 anos.
Então, depois eu tive que me adaptar aos serviços de casa, ajudar o meu pai que sai
cedo trabalhar; meus irmãos iam estudar e eu que ficava fazendo o serviço de casa:
lavando, passando, cozinhando. Também não foi muito tempo, com 18 anos eu já
estava cansando. Mas foi assim: mais da beira, assim, de trilhos, vendo o trem...
brincando por ali.[...]

                                                                        Clube dos Ferroviários

“[...]a história de Wenceslau começou com as  ferrovias, sabe? É... Wenceslau ela é uma cidade que ela foi uma emancipada, né? Em 1935, mas em 1918 foi inaugurada a estação ferroviária aqui. E o primeiro povoada, povoamento que veio, as pessoas que vieram, foi justamente por função da estrada de ferro. Então eles vieram, estabeleceram aqui os acampamentos e foi 
iniciando aqui este povoado e foi construindo a cidade de Wenceslau. E hoje nós não  temos nada de história, sabe? É... então como eu te falei... e quando eu entrei na rede ferroviária ainda em 89, nós tínhamos aqui em Wenceslau uma média de 300 funcionários, mais ou menos, da ferrovia, só da ferrovia – 300 a 400 funcionários da ferrovia – via permanente, que o pessoal saiam, aqueles trenzinhos de pessoas que ia trabalhar fora no trecho – sexta feita eles retornavam aqui para a cede, aqui era uma cede. Nós tínhamos aqui a Oitava Residência da rede, que ali era um escritório, né? Que ali funcionava toda a parte administrativa da via permanente. Hoje é ocupado por uma senhora lá, né? Que paga, acho que, um aluguel para a união. Existia o clube ferroviário, o campo ferroviário, né? E toda aqui a extensão ali onde é o Espaço Chico, que vocês tiveram oportunidade de conhecer, que era a ferrovia. Então, pois bem, não ficou nada disso, né? O clube ferroviário, como tanto daquelas outras casas que tem lá, elas foram vendidas, né? E na época foi até um dentista que comprou ali o clube. Ele reformou totalmente o clube ferroviário era só um salão alí. Ele remodelou, faz, né? E... a parte de camarote, só que ali a entrada, inclusive, ele não mudou, sabe? A estética ali que era daquela forma ali mesmo no clube. Só tinha assim uma grade na frente, né? E o campo ferroviário que a prefeitura, ela, encampou lá, né? E faz os 
eventos, mas a prefeitura, inclusive, não tem documentação daquilo. Ela pertence à  União aquele campo e a minha conversa com o presidente do sindicato foi justamente esse onde era o escritório – a Oitava Residência – porque a minha ideia, e eu tenho isso, inclusive, aqui indicação na câmara... é que fosse tombado como patrimônio histórico aqui ali e ali fizesse o museu, né? O museu ferroviário, quer dizer, contasse a história do município, de que forma foi, porque hoje essa juventude nossa, as crianças que estão na escola, eles não sabem nem de que forma, né? Deu-se o início do município. Então, acho que ali seria o ideal. Pra isso a prefeitura já se dispôs a 
arrumar uma casa, né? Pra essa senhora sair dali. Então, dia 30 de setembro, que é  uma das datas, também, que é comemorada o dia do ferroviário, nós vamos trazer esse pessoal do sindicato aqui e reunir todos os ex-ferroviários, aposentados, pensionistas aqui na câmara; vamos fazer, assim, um negócio bastante, assim, legal, bacana e com isso trazer essa ideia de tirar, né? Essa mulher dali, colocar uma outra acomodação para ela e ali a gente começar já a mexer pra fazer toda essa situação ai de museu mesmo ali, né? Fazer um acervo ai[...]"

                                                                Operação Rondon

"Então, eu acho muito importante essa integração, né? É... e até no início as  pessoas estavam assim meio assustadas, né? “Beto, o que que é isso? ” – eu falei: “Não, trabalho que eles vão fazer: palestras, oficinas e que vai ser bacana”. O único ruim disso é que são só 15 dias, né? Daqui a pouco vocês já estão indo embora e a gente precisava desse tipo de dinâmica de novo, né? Aqui, essa integração, interação com as pessoas porque realmente como eu falo pra vocês, as vezes no início, as pessoas ficam meio assim, né? Com o pé atrás, “o que vai acontecer”, mas daqui a
um pouco quando o convívio vai indo no dia-a- dia; bacana esse tipo de coisa, né? Eu,  assim, eu não sei totalmente tudo o que vocês estão fazendo aí, né? Mas a gente que vai pra tudo quanto é lado, em vila, tudo, a gente sabe que o povo aqui é bem carente, assim, de novidades, coisas novas; então, querem sempre aprender. Mas eu acho que foi muito válido, foi uma tacada bacana do prefeito ai, de ter aderido ai ao projeto e ter trazido para cá, sabe? Quando ele me falou: “Ó, o que você acha? ”, “Não, bacana. Manda a ver”.
Endereço:

UTFPR - Cornélio Procópio
Avenida Alberto Carazzai, 1640
CEP 86300-000 

Contato:

Email: brunaosti@alunos.utfpr.edu.br
joao.squinelato97@gmail.com
glechenco@gmail.com